Professor Gildásio conta a Historia de Lauro de Freitas
Graduado em História pela Universidade Federal da Bahia, o professor Gildásio Vieira Freitas, morador de Lauro de Freitas há 30 anos, vem desenvolvendo trabalhos significativos para o resgate da história da região de Santo Amaro de Ipitanga e arredores. Autor de quatro publicações sobre o município, Gildásio conseguiu resgatar parte da história de Lauro de Freitas que estava esquecida. Em entrevista ao Jornal Primeira Página, ele fala sobre a história de Lauro de Freitas e a importância desta data para a cidade.
Quais são as fases da história de Lauro de Freitas?
A história de Lauro de Freitas pode ser dividida em três fases. A primeira fase durou cerca de dois séculos e teve início quando os jesuítas aqui chegaram. Na ocasião, Tomé de Souza fundou a cidade de Salvador, tendo como braço direito Garcia D’Ávila, em 1949. Depois que ele organizou a cidade de Salvador, o templo, a sede e o Centro Histórico, ele resolveu expandi para cá, trazendo algumas cabeças de gado. Depois vieram os portugueses para plantar cana-de-açúcar. Ao perceberem que a terra era boa, eles continuaram, fazendo com que a região tivesse uma economia muito forte, através do cultivo de cana-de-açúcar e da criação de gado.
Em seguida, os holandeses vieram, descobriram a técnica da cana-de-açúcar e foram expulsos. O povo de Santa Amaro de Ipitanga teve grande participação na expulsão dos holandeses, visto que, o governo e o clero se refugiaram nas redondezas de Salvador, no recôncavo e no Litoral Norte. Com os holandeses sendo expulsos, levaram consigo, a técnica da cana-de-açúcar. Na mesma época, houve a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. Depois veio um surto de cólera que dizimou a população de Salvador e quase toda população de Santo Amaro de Ipitanga. Com isso, o Nordeste entrou em decadência, Santo Amaro de Ipitanga entrou em declínio, e re-gião, ficou abandonada por quase um século. O segundo período corresponde a este um século de decadência.
A partir dos anos 20 começa a terceira fase, quando os franceses chegaram para implantar aqui serviços aéreos. Com a invenção do avião, eles foram expandindo os serviços aéreos, instalando aqui um campo de pouso, foi quando essa região começou a dar sinal de progresso. Depois, o que veio alavancar o desenvolvimento da região foi a segunda guerra mundial, devido à instalação de uma Base Área aqui, o campo de pouso virou aeroporto, os americanos abriram a Estrada Velha do Aeroporto, com isso, a região passou a ter acesso a capital. A partir disso, vieram muitas pessoas, de todos os lugares do Brasil e do mundo, participar da construção da Base Áerea, em 1943, para em seguida trabalharam no aeroporto. Essas pessoas tiveram filhos, netos e por aqui estão. Nos anos 50 foi instalada a Petrobrás de Candeias e o Centro Industrial de Aratú, depois, nos anos 70, veio o Pólo Petroquímico de Camaçari, e mais recentemente o Pólo de Turismo da Costa dos Coqueiros, tudo isso atraiu pessoas de outras cidades, estados e até de outros países para cá, que vieram trabalhar nas cidades industriais e morar aqui, por ser mais próximo de Salvador e do aeroporto, além de ter mais atrativos.
Como aconteceu o processo de emancipação de Lauro de Freitas?
Depois de muitos anos dependendo de Salvador veio a necessidade de se tornar inde-pendente. A cidade estava crescendo e dependia da Base Aérea para tudo. Se uma mulher fosse ter um filho, por exemplo, teria que ser através de parteira ou solicitava ajuda da maternidade da Base Aérea. Com o crescimento da população, o município precisava ter sua própria vida, ter prefeito, vereadores, delegado, fórum e todas as instituições para não ficar dependendo de Salvador. Então, os moradores começaram a se mobilizar, junto com Dr. Paulo de Souza, vereador de Salvador na época, que tinha base eleitoral em Santo Amaro de Ipitanga. Iniciou então um movimento para emancipar Água Cumprida, que virou a cidade de Simões Filho, e Santo Amaro de Ipitanga, hoje Lauro de Freitas.
Qual a importância da emancipação para o município?
Hoje nós vemos que Salvador não consegue dar atenção a bairros periféricos, imagine aqui que está bem além de São Cristóvão e Mussurunga, por exemplo. Seria igual à invasão Planeta dos Macacos e Yolanda Pires, em São Cristóvão, e todas as invasões que estão em bairros periféricos, ou pior, pois estamos mais longe ainda da Câmara de Vereadores e da Prefeitura de Salvador.
Por isso, essa é a data mais importante para o município, que possui dois feriados municipais: 31 de julho, dia da emancipação de Lauro de Freitas, e 15 de janeiro que é o dia do padroeiro Santo Amaro de Ipitanga. O Padroeiro é importante para quem é católico, mas essa data é importante para todos que moram na cidade.
Paralelo aos 46 anos de Lauro de Freitas, estamos comemorando os 400 anos da Igreja da Matriz. Como você pode ver, Santo Amaro de Ipitanga é uma comunidade que tem uma história muito longa. São mais de 400 anos de história. Ela é nova enquanto cidade, mas antiga como comunidade.
Hoje a cidade tem 60 km², nós sabemos que Lauro de Freitas perdeu boa parte de seu território. Quantos quilômetros ela tinha quando foi emancipada?
Quando foi emancipada, Lauro de Freitas tinha 210Km². Na época da ditadura os governantes tomaram para Salvador boa parte de nosso território. Bairros como Jardim das Margaridas, Stella Maris, Pau da Lima, Parque São Cristóvão e redondezas faziam parte de nosso território. Hoje, além de termos perdido parte da nossa terra, Salvador ainda quer ficar com um pedaço da praia de Ipitanga e de Itinga. Contudo, a população não quer, pois é Lauro de Freitas que dar toda manutenção e assistência, além dos moradores dessas regiões querem ser cidadão laurofreitenses.
Na sua avaliação, hoje quem mora em Lauro de Freitas precisa trabalhar em municípios vizinhos?
A cidade cresceu, foram instaladas muitas indústrias e hoje Lauro de Freitas já tem vida própria. Foram atraídas indústrias, empregos e grandes lojas. Temos todos os tipos de serviços e um comércio diversificado. As pessoas que moram aqui, trabalham aqui, estudam aqui. Temos faculdades e escolas boas, acabou aquela história de morar aqui e estudar em Salvador. A cidade não depende, em nada, de Salvador.



ANIVERSÁRIO DO HISTÓRIADOR DA CIDADE DE LAURO DE FREITAS GILDÁSIO FREITAS
Gildasio Freitas, é e sempre será o maior representante da historiografia local. É mais do uma honra trabalhar ao lado desse mestre, que sempre nos ensina novos conhecimentos. É uma pessoa dedicada, humanitária,ética e que ainda luta por uma ideologia, ou seja, uma raridade nos tempos de hoje. Que Deus ilumine o seu caminho. Minha singela admiração.
de 2014. Trata-se de um dos mais ilustres e eminentes acadêmicos
destas terras de Santo Amaro de Ipitanga. Integrante do Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia, da Academia de Letras e Artes de
Lauro
de Freitas e da Academia de Cultura da Bahia entre outras
instituições, possui centenas de artigos publicados em jornais e revistas
de diversos municípios e nos principais órgãos de imprensa de Lauro de
Freitas. Uma personalidade ímpar que todos os munícipes se orgulham
de tê-lo como a nossa maior referência quando o assunto é o
desenvolvimento sociocultural de Lauro de Freitas
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